A prescrição quase certa da multa de 225 milhões de euros a uma dúzia de bancos, a maior de sempre decidida num só processo pela Autoridade da Concorrência (AdC), é um verdadeiro caso de manual. O desfecho resulta de uma combinação sucessiva de fatores da nossa vida jurídica coletiva – o recurso à litigância para queimar tempo, o mau funcionamento dos tribunais, a desatenção fatal dos legisladores – com a proverbial falta de recursos da AdC. A derrota do regulador público na secretaria, depois de confirmado o ilícito em várias instâncias judiciais, valida uma cultura de impunidade e injeta veneno na já intoxicada opinião pública.