Os media estrangeiros perderam o interesse a 26 de novembro
Cinquenta anos depois do 25 de abril têm de ser novo os moderados a vincarem a importância dos marcos intercalares da nossa democracia e a combaterem a reescrita constante da história pelos radicais: os de esquerda, que sempre a reescreveram à sua medida, e os de direita que agora, fora do armário, também querem fazê-lo.
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26 de abril de 1974, o britânico The Times resumia a importância dos acontecimentos da madrugada em Portugal, que atraíam os media internacionais: “O derrube de um regime ditatorial com 50 anos é um momento fundamental na história de qualquer país”. O golpe que apeara a ditadura era visto com enorme admiração – “de certa maneira, o anti-Chile”, lia-se no “Le Figaro”. Mas, por entre o benefício da dúvida dado aos militares, estava um receio natural, bem resumido pelo Financial Times no dia 29: “Será que o general Spínola e a Junta serão capazes de efetuar a transição de uma forma totalmente autoritária de regime para uma democracia estável, sem se deixarem arrastar pelos riscos de uma reação da extrema-direita ou pela anarquia da extrema-esquerda?”. Os 19 meses seguintes transformariam essa dúvida num vórtice de prognósticos catastrofistas.
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