Por toda a Europa têm-se multiplicado manifestações de agricultores indignados, que trazem os seus tratores, bloqueiam o trânsito e reivindicam melhores condições para a sua atividade. Todos nós comemos, logo todos precisamos que alguém trabalhe para produzir essa comida. “Sem agricultores não há alimento nem futuro” ou “o nosso fim é a vossa fome” são slogans que traduzem o caráter essencial da produção agrícola, cujo valor não pode ser medido apenas pelo seu contributo para o PIB ou para o emprego. Com efeito, estes indicadores, que a nível da União Europeia rondam 1,3% e 4,2%, respetivamente, não refletem a importância da produção de alimentos. Tal não obriga a subscrever noções antiquadas de soberania alimentar, que tendem a ignorar os benefícios históricos gerados pelo comércio entre regiões: alguma especialização produtiva permite que tenhamos uma alimentação mais barata, mais diversificada e menos suscetível à variabilidade climática em cada lugar. Ainda assim, a continuação da atividade agrícola é fundamental e por isso a Política Agrícola Comum tem um peso significativo no orçamento comunitário.