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Prudência é a palavra de ordem nas férias dos investidores

Entendemos que uma estratégia de investimentos faseada nos próximos meses permitirá que os investidores beneficiem da elevada volatilidade e reduzam o seu preço médio de compra.

O primeiro semestre de 2020 vai entrar na história como um dos maiores choques económicos e sociais das últimas décadas. Já sabemos qual foi o impacto inicial do coronavírus, mas agora temos as consequências de segunda e terceira ordem, as mais difíceis de prever. Com os níveis de incerteza em máximos, a prudência deve pautar a tomada de decisões de investimento.

A recuperação parcial dos indicadores de atividade e do emprego começa a refletir-se nos dados de mobilidade em tempo real, que começam a aproximar-se dos níveis anteriores. No entanto, consumidores e empresas vão permanecer cautelosos nos próximos meses. Os primeiros vão aumentar as poupanças e reduzir o consumo; as últimas vão reduzir os investimentos e ajustar as estruturas de custos ao novo contexto. As intervenções do Banco Central Europeu (BCE) fornecem liquidez, mas não melhoram a solvência de empresas nem das famílias. Os próximos dois trimestres serão fundamentais para avaliar se a recuperação é sólida ou se é fruto de uma mera reativação a partir dos níveis deprimidos de março e abril.

As consequências deste intervencionismo são muito mais profundas do que a mera distorção dos preços. Os programas de compra de ativos continuam a expandir o diferencial da distribuição da riqueza num contexto em que as taxas de desemprego irão ultrapassar os níveis da crise anterior. O investimento socialmente responsável vai tornar-se ainda mais relevante à medida que aumenta o escrutínio sobre as empresas e são colocados em marcha planos de investimento público orientados para a mitigação das alterações climáticas e para o desenvolvimento da inovação.

Perante este enquadramento económico, e sendo o período de férias uma época tipicamente com menos liquidez nos mercados financeiros, recomendamos um nível de prudência acima do habitual. Privilegiar um portfólio mais defensivo inclusivamente com alocação a liquidez, preservando assim alguma margem de manobra para atuar caso surjam oportunidades face a eventuais movimentos de disrupção inesperados. Os mercados acionistas, numa perspetiva geral, estão caros, com especial destaque para os EUA e Japão, não tanto o mercado europeu. Atualmente, a bolsa americana está a negociar a um rácio preço/resultados de 26,5 vezes, em comparação com 17,6 das bolsas europeias. As ações devem fazer parte de qualquer carteira diversificada, mas não a qualquer preço. Por esse motivo, entendemos que uma estratégia de investimentos faseada nos próximos meses permitirá que os investidores beneficiem da elevada volatilidade e reduzam o seu preço médio de compra. O ouro, apesar de se encontrar em patamares historicamente elevados, continua a ter um racional de suporte bastante sólido, pelo menos enquanto nos encontrarmos perante taxas reais negativas (ou seja, cenários em que as taxas nominais são inferiores às taxas de inflação) esta tese de investimento deverá permanecer intacta.

Team leader – investment products abanca portugal

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