A revolta dos impostos
Em 1862, entre Abril e Agosto, viveu-se um momento de verdadeira guerra civil contra os impostos. No país de chamados brandos costumes, populações de freguesias rurais atacaram dependências fiscais e os seus funcionários e, nalguns casos, incendiaram edifícios do Estado.
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O alvo era a nova contribuição territorial ("predial"), mas também a contribuição industrial que era imposta aos assalariados das indústrias de lanifícios. Nesses tempos, havendo poucos polícias, era o exército, por exemplo, que escoltava os cofres de dinheiros públicos. Mais tarde, em 1881, reflectindo sobre o tema, Oliveira Martins escreveu: "Quando a máquina social se desorganiza, aparecendo o que se chama revolução ou crise, vê-se mais ao vivo como as coisas são na realidade." Apesar de viver sobre a tutela militante do Fisco, a sociedade portuguesa de hoje não se revolta incendiando os edifícios da administração fiscal. País acorrentado a todo o tipo de impostos, seja com austeridade ou sem ela, Portugal geme, mas não se revolta. Ou melhor: quem se revolta é, imagine-se, quem quer mais impostos.
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