A nova era do Devorismo
A crise com que se debate Portugal parece sem fim e sem fundo. À primeira vista as aparências estão salvas: a PT encolhe-se, para salvar os despojos, no mundo da Oi, o que sobre do GES/BES tenta descansar como um faquir numa cama de pregos, a justiça tenta limitar as fronteiras do mundo que o "Face Oculta", o contrato dos submarinos e tantos outros mostram e que exemplificam a forma de fazer política e negócios neste país.
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Poderíamos estar na esquina de uma grande ruptura, mas Portugal encolhe-se e procura sobreviver. Aos seus Adamastores de há muito: a dívida e o défice. O espanhol Miguel de Unamuno, que nos conhecia bem, escreveu: "O que faz Portugal é o mar": uns emigram, outros dissolvem-se entre impostos, a desvalorização do trabalho e a falta de alternativas políticas. Vivem-se as vésperas de uma nova era do Devorismo político que assaltou o país após as lutas liberais e miguelistas do século XIX. Aquilo que Oliveira Martins acabou por definir sumariamente: "O povo tem morrido por deuses, e os homens medíocres têm morrido e continuarão a morrer por palavras e abstracções". E elas hoje não motivam nem envolvem ninguém: o futuro é apenas pagar a dívida e encolher o défice. Belo destino para um povo que teve sempre de se fazer ao mar para fugir de terra.
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