Lawrence da Arábia foi um dos grandes vencedores (e um dos grandes perdedores) da história do Médio Oriente. Lembramo-nos dele nestes dias em que se assinalam os 100 anos do acordo secreto Sykes-Picot que redefiniu as fronteiras do Médio Oriente no fim da I Guerra Mundial e após o ocaso do Império Otomano. Numa altura em que os variados conflitos na região parecem ser o prenúncio de uma nova redefinição de fronteiras, não admira que a Turquia recorde este acordo com mágoa. O acordo Sykes-Picot criou protectorados europeus (ou mandatos, no eufemismo da Liga das Nações da época) e violou os acordos feitos por franceses e ingleses com os que se levantaram em armas contra a soberania otomana da época. As novas fronteiras foram feitas quase a régua e esquadro sem terem em consideração as diferenças existentes. Assinado secretamente a 16 de Maio de 1916, o acordo Sykes-Picot só viria a ser conhecido quando foi divulgado, no ano seguinte, pelo Izvestia, pelo Pravda e pelo Guardian. O seu resultado foi o desmantelamento das enormes fronteiras do Império Otomano.