Música: o ideal eléctrico
Em 1965, a música popular abria os pulmões e partia à aventura. Caminhava-se para o psicadelismo, alimentado pelo LSD e pelas leituras do que a “beat generation” tinha deixado como legado. O rock tornou-se global.
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A 20 de Julho de 1965, Bob Dylan lançou uma canção devastadora: "Like a Rolling Stone". O som folk era substituído pelo ambiente rock. Cinco dias depois, Dylan subiu ao palco do Festival Folk de Newport e trouxe guitarras eléctricas com ele. Ruía um tabu da música folk. Houve raiva, fúria, aplausos e silêncio, mas houve sobretudo um sentimento de traição, escreveu Greil Marcus, um referente absoluto quando se fala da história da música popular. Como se algo delicado tivesse sido trespassado pelo som eléctrico ou, melhor, uma flor tivesse visto o seu aroma ser profanado por algo artificial. Era a terceira e última vez que Dylan vinha a Newport, sempre pela mão de Joan Baez, a vida da folk. Nesse dia, o poeta e cantor quebrava todos os laços com o mundo da folk politicamente engajada e também com Baez. A sua libertação coincidiria com o fim de uma certa idade da inocência. Dylan virava-se para o mundo eléctrico, para aquele que seria o dinamizador das profundas alterações sociais e políticas que atravessariam a América na segunda metade da década de 1960. Não foi um acaso.
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