Vinho enfrenta pandemia com provas à distância, cabazes e vendas online
Restaurantes fechados, queda na lista de compras dos supermercados, operações de enoturismo encerradas, feiras internacionais canceladas, importadores a atrasar encomendas. O cenário é adverso (também) para o setor do vinho, que no ano passado bateu um novo recorde nas exportações e que está a recorrer a novas ferramentas para evitar o colapso nas vendas em 2020.
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Por iniciativa de Francisca Van Zeller, a Aveleda lançou o projeto "Provas em Casa", um ciclo de workshops gratuitos que são transmitidos ao vivo através da página no Instagram. Três vezes por semana, a empresa sediada em Penafiel e que detém marcas como Casal Garcia (verdes) ou Quinta Vale D. Maria (Douro) quer "descomplicar a linguagem do vinho" e comunicá-lo a curiosos e entusiastas.
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É também através da mesma rede social que o Esporão vai dirigir nas próximas duas semanas um conjunto de workshops e provas online em direto, com a duração de 30 minutos, "para fazer companhia [aos clientes] nos dias e noites em casa". O vinho é o tema forte, mas a produtora alentejana comandada pela família Roquette também irá abranger as áreas da gastronomia, cerveja artesanal e azeite.
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Na Península de Setúbal, a José Maria da Fonseca resolveu apostar nas entregas ao domicílio e criar várias campanhas promocionais exclusivas para a sua própria loja online. Isto porque, nas palavras do administrador, António Maria Soares Franco, "os consumidores habituais vão continuar a querer degustar [estes] vinhos no conforto do seu lar". A dona do Periquita, entre outras marcas, oferece os portes de envio nas encomendas acima dos 25 euros.
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Sem a estrutura comercial dos grandes produtores, Márcio Lopes pegou no telefone e conseguiu convencer 21 garrafeiras de norte a sul do país, incluindo Madeira e Açores, a "unir esforços" para passarem a assegurar a entrega de vinhos à porta de casa. O enólogo e produtor nas regiões dos Verdes e do Douro aderiu ainda a um movimento solidário da Cruz Vermelha, prometendo entregar à instituição dez euros por cada caixa de seis garrafas das marcas Pequenos Rebentos, Proibido, Permitido e Anel.
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Presença e promoções na Internet
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A partir de Vila Nova de Gaia, a megastore de bebidas OnWine está também a "reforçar o canal online de vendas para dar resposta aos inúmeros pedidos de consumidores de todo o país". Num "trabalho coordenado" com as distribuidoras, os custos de transporte são gratuitos neste período de emergência. Dez produtores, como Casal de Ventozela, Quinta do Crasto, Vértice ou Reynolds Wine Growers, foram desafiados pela firma grossista do grupo Fladgate para criar cabazes a preços especiais, disponíveis apenas nesta plataforma, entre os 30 e os 170 euros.
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Para apoiar os pequenos produtores nesta fase difícil, que levou a Adega de Monção a antecipar o pagamento de 3,4 milhões de euros, também a Adegga decidiu disponibilizar canais de venda online aos produtores nacionais e reuni-los numa plataforma digital comum. O novo "marketplace" dá acesso à audiência de milhares de compradores digitais desta empresa portuguesa e às soluções tecnológicas para poderem realizar as vendas por via eletrónica, desde os métodos de pagamento à gestão de envios e sistema de apoio a clientes.
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Liderada por André Ribeirinho, a Adegga já tinha realizado nas últimas semanas a "Portugal Wine Week", em que dezenas de produtores nacionais apresentaram as novidades do portefólio a uma audiência registada de centenas de profissionais de todo o mundo. Uma iniciativa digital que tentou compensar a ausência de contactos e do habitual fecho de encomendas na Prowein, a maior feira de vinhos a nível mundial, cuja edição deste ano foi cancelada devido à pandemia da covid-19.
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E foi logo após o cancelamento desta feira na Alemanha, onde planeava encontrar a grande maioria dos parceiros de negócio, que a João Portugal Ramos Vinhos realizou essas reuniões por vídeoconferência e enviou as amostras das novidades e colheitas mais recentes para cada cliente. Num artigo de opinião no JE, o empresário do Alentejo, que fechou a loja e o enoturismo, frisa que o setor tem de se "manter em funcionamento e tomar as medidas necessárias para que a produção e a entrega de vinho não sejam interrompidas".
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