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"Leal aos amigos e sedutor com os seus inimigos"

Pedro Passos Coelho iniciou-se na Juventude Comunista e depois inscreveu-se na JSD. O líder do PSD gosta de cozinhar e tem dons vocais. Conheça os seus traços de carácter

24 de Junho de 2011 às 14:52

"Portugal não pode falhar e eu sei que Portugal não vai falhar". Na sala dos Embaixadores, no Palácio da Ajuda, Pedro Passos Coelho termina assim o seu discurso de tomada de posse, na terça-feira. São 12:53, cumpriu-se o protocolo ponto por ponto e o novo primeiro-ministro está pronto a lançar-se ao trabalho. Daí a dois dias segue para Bruxelas, até lá é preciso preparar a cimeira e acabar de compor o Governo. Com 46 anos, Pedro Manuel Mamede Passos Coelho chega a São Bento num momento crucial para o País. É o ponto mais alto de uma carreira política iniciada ainda mal saído da adolescência.

Nasceu em Coimbra, mas cedo a família se mudou para Angola. Até ao 25 de Abril 1974, quando regressou e se instalou em Vale de Nogueiras, Vila Real. O pai, médico, estava convencido que o filho havia de ser professor e seguir a vida académica, e cortou-lhe a mesada quando deixou de estudar para se dedicar à política.

"O Pedro sabe muito bem o que quer. Sempre soube", diz dele Ângelo Correia, empresário com quem trabalhou, amigo de longa data e, apesar de alguns desencontros, ainda um dos seus principais conselheiros políticos. Conheceram-se há quase três décadas, ainda Passos era pouco mais que um adolescente, mas já embrenhado nos caminhos do PSD. Antes chegara a militar na Juventude Comunista, com os amigos de Vila Real, mas aos 14 anos inscreveu-se na JSD, atraído pela liderança de Sá Carneiro. Dois anos depois, estava no Conselho Nacional do PSD e mergulhava a fundo na política. Vem desses tempos a sua amizade com Miguel Macedo e Miguel Relvas, ainda hoje o seu braço direito.

Os estudos ressentem-se, arrisca chumbar por faltas e não consegue média para entrar em medicina, conta Felícia Cabrita na sua biografia, a que chamou "Um homem Invulgar". Foi dar aulas de matemática e no ano seguinte conseguiu entrar em Matemáticas, mas fez apenas uma cadeira. Só mais tarde, já com 30 anos, se licenciou em Economia.

Entretanto casou (com Fátima Padinha, ex-Doce), teve duas filhas, e fez da política o seu modo de vida.

Se na generalidade os deputados do PSD não lhe regateiam elogios, há entre os históricos do partido quem não tenha papas na língua e lhe aponte os defeitos ou o considere apenas inexperiente por nunca ter tido sequer um cargo se secretário de Estado. Marcelo Rebelo de Sousa várias vezes lhe apontou a "falta de treino" para fazer frente ao PS. Pacheco Pereira, que ficou fora das listas de deputados, tem dito que, mesmo que tivesse sido convidado não aceitaria, porque não está de acordo com o projecto de Passos, que apelida de "incoerente" e "inconsistente.

Ângelo Correia prefere outros adjectivos. "No momento de tomar decisões, o Pedro fecha-se. Pode ouvir muitas pessoas, mas não dialoga com elas. A decisão final é dele. Sempre", afirma. Terá sido assim, aliás, quando, optou por negociar com o PS o Orçamento do Estado para 2011.

Ângelo Correia considerou que não era esse o caminho e a sua relação com o líder social democrata azedou. O "pai político" rompeu com o afilhado, escreveu-se em todos os jornais. O empresário desdramatiza e cerra fileiras à sua volta. "É calmo nas crises, organizado, disciplinado, incorruptível", garante. E mais: "É leal com os seus amigos e sedutor com os seus inimigos se isso servir interesses mais amplos que tenha em vista".

Também "não gosta de se expor. É reservado, sorridente, mas fechado e raramente se abre", acrescenta. Durante a campanha, permitiu-se uma aparição nas páginas das revistas sociais com a actual mulher, Laura Ferreira, de quem tem uma filha. De resto mantém a discrição. E hábitos espartanos. Já disse que continuará a residir no mesmo 5º andar em Massamá e ontem, na viagem para Bruxelas, trocou a habitual executiva por um lugar em económica.

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