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"Ainda é muito cedo para avaliar o impacto do conflito na Ucrânia", avisa membro do conselho do BCE

O membro do conselho do BCE Gabriel Makhlouf apelou a maior flexibilidade, perante a evolução do conflito na Ucrânia, Já o economista-chefe do banco central, Philip Lane, alerta que "o programa de compra de ativos pode acabar em breve".

BCE, Banco Central Europeu
BCE, Banco Central Europeu Reuters
24 de Fevereiro de 2022 às 11:07

A crise na Ucrânia pode fazer o Banco Central Europeu (BCE) mudar de ideias sobre o fim do programa de compra de ativos, durante a reunião agendada para março, afirmou o membro do Conselho do banco central Gabriel Makhlouf, numa entrevista citada pela Bloomberg, publicada hoje, ainda que tenha sido realizada antes da invasão russa.

"É muito cedo para estimar o impacto do conflito na economia", sublinhou Makhlouf. O governador lembrou ainda que "a zona euro está a recuperar da pandemia com o consumo a aumentar e com o mercado de trabalho num estado de saúde muito mais positivo".

"É perfeitamente possível que em março possamos tomar decisões sobre o que acontecerá ao programa de compra de ativos", defendeu o membro do Conselho do BCE. "Pessoalmente, não acho que possa dizer-lhe o que vai acontecer com as taxas de juros e quando. Eu preferiria ter mais opções à medida que avançamos", frisou o governador.

Makhlouf expressou ainda cautela quando se trata de aumentar a taxa de depósito do BCE, que está num mínimo recorde de -0,5% desde 2019. "As pessoas que pensam que vamos aumentar as taxas em breve estão a pensar num calendário completamente diferente daquele que temos", afirmou o governador, reiterando a intenção do BCE de terminar a compra de ativos antes de decidir sobre as taxas de juro.

A sugestão de maior flexibilidade está em linha com proposta do homólogo francês François Villeroy de Galhau, e contra a ala "falcão" da instituição, da qual se destacam os governadores letão, Martinš Kazaks, o alemão Joachim Nagel e o holandès Klaas Knot e a membro do conselho executivo do BCE Isabel Schnabel.

Para o também economista, uma das principais razões para sua hesitação em discutir o aumento dos custos dos empréstimos são questões sobre quão "duradouras" serão as pressões inflacionistas. "Suspeito que a imagem do poder de compra não ficará mais clara até o final do ano", explicou Makhlouf. "Certamente, se chegarmos à previsão de junho e setembro e esta trajetória sem mantiver, o caminho para a normalização irá tornar-se cada vez mais claro", acrescentou o governador.

Makhlouf, que é cidadão britânico e o único chefe do banco central da área do euro com nacionalidade diferente da instituição que representa (é governador do Banco da Irlanda), também não descartou a ideia de que o BCE pode criar um novo programa de compra de ativos. 

"Podemos criar novas ferramentas. Os 'reinvestimentos' em ativos podem ajudar a compensar possíveis tensões", acrescentou o governador.

Estas declarações de Makhlouf surgem na mesma altura em que o economista-chefe do BCE, Philip Lane, avisou em entrevista à imprensa alemã que "o programa de compra de ativos pode terminar em breve", apontando já para o final deste ano ou para o início de 2023.

"Os dados sugerem claramente que podemos estar a aproximarmo-nos da nossa meta a médio prazo (inflação em linha e abaixo dos 2%", disse Lane ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Em janeiro, a inflação na zona euro tocou nos 5,1%. O BCE prevê que esta percentagem caia abaixo de 2% em 2023 e 2024.

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