Costa não quer repetir impasse do aeroporto de Lisboa no programa de recuperação

António Costa reitera o apelo a consensos ao nível político e social como "indispensáveis para execução" do Programa de Recuperação e Resiliência. "A pior coisa que podíamos fazer era passar os próximos dez anos a hesitar", rematou querendo evitar discussões intermináveis como aquela ainda em curso sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa.
1/2
Foto: Mário Cruz Foto: Mário Cruz
David Santiago 22 de Setembro de 2020 às 12:02

O primeiro-ministro voltou a defender a necessidade de se granjear consenso sobre o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) sob pena de o país não aproveitar esta "enorme oportunidade" que se abre ao país com a bazuca providenciada pela União Europeia e que representa uma "gigantesca responsabilidade" para os decisores portugueses.

PUB

No dia de encerramento das "jornadas de trabalho" do grupo parlamentar do PS, o também secretário-geral socialista lembrou que o Governo começou ontem a "ouvir os partidos" e notou que se seguem agora conversas com os parceiros sociais no âmbito de um "debate público alargado e mobilizador da sociedade em torno deste programa".

"Pela sua natureza excecional, tem de ser programa em que haja absoluta confiança naquilo que vamos fazer", declarou frisando ter convidado para desenhar a Visão Estratégica o independente António Costa Silva precisamente por ser alguém que "vem da sociedade civil" e que tem uma "visão ampla do mundo"].

PUB

O primeiro-ministro considera "muito importante que este debate na Assembleia da República seja gerador de consensos", assim como ao nível da concertação social, até porque o plano de recuperação da UE se subdivide em "diferentes programas e orçamentos" que terão de ser "decididos por diferentes responsáveis comuns" ao longo de "três legislaturas".

"[É] importante ter uma estratégia comum", resumiu insistindo que os consensos nesta matéria são "indispensáveis para execução deste programa (PRR)". Por outro lado, o primeiro-ministro recorda ainda que essa sintonia é importante também porque Portugal poderá ter de executar anualmente "6,4 mil milhões de euros de fundos europeus ao longo dos próximos 10 anos", pelo que terá de duplicar a capacidade conseguida nos melhores anos de execução. Isto mesmo confirma a "necessidade de nos mobilizarmos todos", insistiu.

PUB

Costa considera que Portugal está perante uma "enorme oportunidade" que é sobretudo uma "gigantesca responsabilidade para com a UE" e em especial "para com o país e as novas gerações", realidade que não se compadece com a eternização de discussões como aquela que prossegue acerca da localização de um novo aeroporto de Lisboa. 

"Se quisermos fazer nos próximos dez anos aquilo que fizemos nos últimos 50 anos a propósito do aeroporto de Lisboa, teremos gasto muito dinheiro em muitos estudos e não teremos feito nada de concreto que altere a realidade do país", disse salientando que Portugal não pode dar-se ao luxo de "perder tempo".

PUB

Critérios do Programa de Recuperação e Resiliência

O líder do Executivo socialista apontou depois um conjunto de critérios que devem presidir à forma como o país vai trabalhar o PRR.

PUB

O primeiro consiste na importância de não se perder tempo, o que faz António Costa a considerar "fundamental que a UE aprove definitivamente este programa". Em segundo lugar, é preciso "garantir que [o PRR] é posto no terreno com máxima transparência e mínima burocracia", com Costa a apontar o papel "fundamental" do debate no Parlamento sobre a contratação pública. Por fim, o "programa tem de ter gestão centralizada mas execução muito descentralizada". 

Nesta gestão descentralizada, o primeiro-ministro quer a participação das autarquias locais (em particular na área da habitação), das misericórdias, IPSS e mutualidades (por exemplo na área dos cuidados continuados), pelas empresas, pelo sistema educativo (crucial para a Escola Digital ser um "sucesso") e pela comunidade científica.

PUB

Antes, António Costa tinha já apontado três critérios para uma boa execução do PRR dado que "os vários instrumentos se vão sucedendo ao longo dos próximos anos": O PRR é para comprometer até 2023 e executar até 2026 e daí uma aposta em projetos executáveis nesta janela temporal; Trata.se de um "programa extraordinário, um recurso que não é repetível", logo é preciso assegurar que tenha um "efeito estruturante para o futuro"; Terá de "respeitar aquilo que são as opções e o quadro de elegibilidade definido pela UE" e que consiste no reforço da resiliência e no acelerar das transições climática e digital. 

(Notícia atualizada)

PUB
Pub
Pub
Pub