Governo pediu à CGD para adotar medidas com base na auditoria da EY
As conclusões preliminares da auditoria a 15 anos de gestão da CGD revelam que o banco estatal emprestou dinheiro em montantes elevados perante pareceres negativos da Direção de Risco do banco estatal.
O Governo pediu à administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para tomar medidas com base na auditoria da EY a 15 anos de gestão do banco público. As conclusões preliminares mostram que a instituição financeira emprestou dinheiro em montantes elevados perante pareceres negativos ou mesmo sem ter em mãos a posição da Direção de Risco da Caixa.
"O Governo solicitou à administração da CGD que fossem efetuadas todas as diligências necessárias para apurar quaisquer responsabilidades que possam advir da informação constante do relatório", lê-se na nota enviada pelo Ministério das Finanças à TSF, que está a analisar o tema no Fórum.
Na nota, enviada igualmente ao Negócios, o Executivo relembra que "solicitou a realização de uma auditoria independente a atos de gestão da CGD entre 2000 e 2015 e, no âmbito do exercício da sua função acionista, deu instruções à CGD para que o relatório fosse remetido ao Banco de Portugal e ao Mecanismo Único de supervisão do Banco Central Europeu, bem como a outras autoridades judiciais, de inspeção, de supervisão ou em matéria tributária, caso os elementos do relatório se afigurassem relevantes para o exercício das suas atribuições".
De acordo com a auditoria da EY, divulgada por Joana Amaral Dias na CMTV, e a que o Negócios teve acesso, durante "os primeiros anos do período em análise, a CGD procurou desenvolver estruturas de gestão de risco em linha com as recomendações". Um processo que acabou por evoluir "pouco" nos anos seguintes. "As decisões estratégicas do órgão executivo eram pouco baseadas em elementos de risco", salienta a EY, na análise preliminar. O crédito malparado foi assim, ano após ano, acumulando-se. E apesar de a auditora reconhecer que este aumento significativo dos empréstimos em incumprimento pode ser justificado pela "conjuntura económica adversa", considera que as "perdas poderiam ter sido significativamente mitigadas caso a instituição tivesse assegurado a implementação de uma cultura de risco na instituição mais cedo". Enquanto não o fez, houve operações de crédito que foram "aprovadas com parecer de análise de risco desfavorável, não se encontrando documentadas as justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da Direção Global de Risco (DGR)", refere a EY. E entre 2007 e 2012 esta situação foi mais evidente. Foi neste período que em 7% das operações de crédito a grandes devedores a decisão foi tomada exclusivamente pelo conselho de administração da CGD. A gestão ignorou o parecer desfavorável da análise de risco sem "justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da DGR". Além de dar crédito contra o parecer desfavorável da análise de risco, houve ainda casos nos quais a CGD avançou com os investimentos apesar de não ter sido apresentado um parecer técnico da Direção de Risco. Entre a administração de Carlos Santos Ferreira e Fernando Faria de Oliveira, isto aconteceu em 21% das operações analisadas. Os empréstimos concedidos à Artlant e à Investifino são exemplo disso mesmo. Neste sentido, o Governo diz que "
O crédito malparado foi assim, ano após ano, acumulando-se. E apesar de a auditora reconhecer que este aumento significativo dos empréstimos em incumprimento pode ser justificado pela "conjuntura económica adversa", considera que as "perdas poderiam ter sido significativamente mitigadas caso a instituição tivesse assegurado a implementação de uma cultura de risco na instituição mais cedo".
Enquanto não o fez, houve operações de crédito que foram "aprovadas com parecer de análise de risco desfavorável, não se encontrando documentadas as justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da Direção Global de Risco (DGR)", refere a EY. E entre 2007 e 2012 esta situação foi mais evidente. Foi neste período que em 7% das operações de crédito a grandes devedores a decisão foi tomada exclusivamente pelo conselho de administração da CGD. A gestão ignorou o parecer desfavorável da análise de risco sem "justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da DGR".
Além de dar crédito contra o parecer desfavorável da análise de risco, houve ainda casos nos quais a CGD avançou com os investimentos apesar de não ter sido apresentado um parecer técnico da Direção de Risco. Entre a administração de Carlos Santos Ferreira e Fernando Faria de Oliveira, isto aconteceu em 21% das operações analisadas. Os empréstimos concedidos à Artlant e à Investifino são exemplo disso mesmo.
Os principais créditos em que a CGD perdeu dinheiro:
Artlant

Investifino

Finpro

Vale de Lobo

Berardo

(Notícia atualizada às 12:05 com mais informação)
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