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A arte como motor de transformação global do luxo

A arte e o luxo cruzam-se cada vez mais como territórios de experimentação e reinvenção. Na “Grande Conferência Negócios do Luxo”, Romain Trevisan, CEO da Cultural Affairs, defendeu a importância de colocar os artistas no centro das marcas e da criação de valor.

01 de Julho de 2025 às 14:30
Romain Trevisan acredita que a arte pode mudar o mundo. É isso que tenta fazer com a Cultural Affairs, trazendo algo de novo e visível todos os dias.
Romain Trevisan acredita que a arte pode mudar o mundo. É isso que tenta fazer com a Cultural Affairs, trazendo algo de novo e visível todos os dias.
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Romain Trevisan acredita que a arte pode mudar o mundo. É isso que tenta fazer com a Cultural Affairs, trazendo algo de novo e visível todos os dias.

A adaptação do luxo às novas gerações, o impacto no mercado imobiliário e as estratégias de internacionalização das marcas portuguesas foram os temas centrais da “Grande Conferência Negócios do Luxo”, que encerrou o ciclo de conferências promovido pelo Negócios em parceria com a Must. O evento contou com Cascais como município anfitrião e o Sheraton Cascais Resort como hospitality partner.

A abrir a sessão, Diana Ramos, diretora do Negócios, reforçou que “o mercado do luxo tem um enorme potencial”, motivo pelo qual o ciclo de encontros se estendeu entre março e junho, reunindo dezenas de vozes relevantes para refletir o presente e o futuro deste universo. Apesar de este encontro marcar o fim do ciclo, Diana Ramos deixou uma nota de continuidade, afirmando que o adeus não é definitivo, há vontade de continuar a reflexão no próximo ano.

Logo a seguir, subiu ao palco Romain Trevisan, CEO da Cultural Affairs, com uma apresentação centrada na relação entre arte e cultura, e no papel que o luxo pode ter como catalisador dessa ligação. “Vou falar sobre a ligação entre arte e cultura”, começou por dizer, contextualizando o trabalho do grupo que lidera, e que reúne projetos como o Vhils Studio, a Underdogs Gallery, o Festival Iminente, a plataforma phygital Eterno e a Clay, dedicada à arte contemporânea em azulejo.

Com um passado profissional ligado ao branded marketing e à comunicação estratégica, Trevisan juntou-se ao projeto em 2019 com a missão de o organizar enquanto grupo, reforçar a sua estrutura e projetá-lo globalmente: “Tivemos de criar um valor diferente. A ideia era construir marcas, com alma, com propósito.” A apresentação partiu da constatação de que “existe uma velha barreira entre arte e cultura”, e que essa divisão - tantas vezes institucional - precisa de ser superada. Sublinhou a importância da colaboração entre artistas e marcas de luxo como via de reinvenção e aproximação a novos públicos. “Os artistas trabalham com muitas marcas de luxo. Há uma inspiração que flui nos dois sentidos.” Exemplos concretos não faltaram. A colaboração entre Takashi Murakami e a Louis Vuitton, iniciada em 2003, que redefiniu a relação entre moda e arte contemporânea; ou o caso de Pharrell Williams, recentemente nomeado diretor criativo da linha masculina da Louis Vuitton, que segundo Trevisan representa “o exemplo máximo da ligação entre arte e cultura.”

Os colecionadores querem comprar online, querem um serviço sem falhas, mas também querem ligação. Os tempos mudaram. É preciso saber ouvir. E ser global. Romain Trevisan, CEO da Cultural Affairs

Mas a verdadeira transformação, afirmou, acontece quando a criatividade é colocada no centro. “Tudo começa com os artistas. Trabalhamos com mais de 250 artistas. O paralelismo com o setor do luxo é evidente - os artistas são fundamentais para a visão das marcas.” Nesse sentido, assumiu como missão da Cultural Affairs “construir a marca, apoiar a criatividade do artista e criar impacto de Portugal para o mundo.”

A abordagem do grupo está profundamente ancorada no storytelling, no digital e na adaptação aos novos hábitos de consumo. “Os colecionadores estão habituados a receber coisas novas constantemente. Vivemos num paradoxo: temos de ser acessíveis, justificar o valor, ser rápidos, estar à la mode. Uma galeria é, hoje, quase como uma empresa de moda.” As exigências dos públicos também mudaram.“Os colecionadores querem comprar online, querem um serviço sem falhas, mas também querem ligação. Os tempos mudaram. É preciso saber ouvir. E ser global.”

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