Do Titanic ao Mediterrâneo são apenas 6.000 km
Já agora, vale a pena perguntar: quantos migrantes poderiam eventualmente ser salvos com o esforço financeiro na mobilização dos meios aeronavais que foram utilizados nas buscas do Titan?
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A forma como encaramos as tragédias marítimas pode ser abordada de diferentes perspetivas. Recentemente, e após o rescaldo do tão mediático acidente com o submersível Titan, diversas questões da natureza humana vieram para a discussão pública com uma velocidade tão grande como a que se dissipou. Questões como o valor da vida humana, quer ao nível individual, quer à escala da sociedade atual, carecem, certamente, de um debate mais aprofundado e duradouro. Sinceramente, a enorme mobilização de meios navais não me chocou, tendo sido mobilizado um total de nove navios científicos com capacidade tecnológica avançada para a área de busca e salvamento, com o objetivo de resgatar apenas cinco pessoas em tempo de um hipotético limite de disponibilidade de oxigénio dentro do submersível. Sim, é certo que não eram comuns mortais, sendo que os seus cinco nomes foram amplamente divulgados na comunicação social, mas isso também não os tornou imortais. O valor monetário a pagar por esta experiência radical não é certamente acessível para o bolso de qualquer cidadão do mundo. Também é igualmente verdade que, ao enveredar por esta aventura, é assumido um risco inerente ao meio ambiente, nomeadamente pela pressão hidrostática dependente da profundidade do mergulho, e das limitações tecnológicas do próprio submersível. Não querendo obviamente especular, isso poderá ter sido, no seu conjunto, o que tornou este agradável passeio numa tragédia.
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