O episódio de reestruturação da TAP é uma belíssima imagem do Portugal que somos. Uma empresa que nunca se aguentou sem dinheiro do contribuinte. Uma empresa mal gerida que transforma lucros (previstos) em prejuízos superiores a 100 milhões de euros em dois anos consecutivos. E que arrasta um processo negocial até ao limite (com o patrocínio dos acionistas) sabendo que cada dia que passa é um prego no caixão da empresa. Um governante que a tutela e que vai de declaração bombástica (a TAP transporta 50% dos turistas que vêm a Portugal) em declaração bombástica (a TAP compra 1.300 milhões de euros a empresas portuguesas). Um primeiro-ministro que diz que a TAP é essencial porque foi buscar portugueses retidos longe do país quando começou a pandemia. E uma “inteligentsia” que frequenta o prime time das TV e que, com raras exceções, não tem coragem de desmontar a narrativa do Governo.