O cerco à Arábia Saudita
Depois de milhares de milhões de dólares gastos na promoção do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, este está na corda bamba. O desaparecimento de Jamal Khashoggi arruinou tudo.
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Os participantes da iniciativa que se vai realizar este mês em Riade chamam-lhe, quase carinhosamente, "Davos no Deserto". O primeiro encontro, que decorreu no ano passado, servia às mil maravilhas, como se fosse um conto das mil e uma noites, ao príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, para surgir como um interlocutor válido no jogo político e económico mundial. O encontro servia todos os interesses: a Arábia Saudita despeja milhões nos bolsos de todos os vendedores e dá como garantia o petróleo. Salman surgia então como o "reformador" que encantava os ocidentais disponíveis e os políticos que viam no Irão o inimigo e na Arábia Saudita a "defensora" do Ocidente. Esquecendo convenientemente que a Arábia Saudita é a pátria do wahhabismo, a ideologia político/religiosa que esteve na base da Al-Qaeda de Bin Laden e do Estado Islâmico. E o papel de financiamento da Arábia Saudita nos sectores mais militantes da causa islâmica. O petróleo, o projecto de tornar a Arábia Saudita num "modelo de desenvolvimento" em 2030, a projetada cidade do futuro, Neom (que custaria 500 biliões de dólares e seria erigida nas areias do reino), o cerco ao Irão, a venda de milhares de milhões de dólares em armamento a Riade, e a futura colocação em bolsa da SaudiAramco, todos seduziam.
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