Banco de Portugal está a "ter em conta conclusões" da auditoria à CGD
A vice-governadora do Banco de Portugal afirma que o regulador está a ter em conta as conclusões da auditoria da EY a 15 anos de gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e a aplicá-las a nível da supervisão. Isto depois de a versão preliminar deste documento ter revelado que o banco estatal emprestou dinheiro perante pareceres desfavoráveis ou na ausência da posição da Direção de Risco do banco.
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"É um assunto muito crítico e portanto aquilo que posso dizer é que a versão final do relatório, e sublinho final do relatório, foi recebida no Banco de Portugal já há bastante tempo", começa por dizer Elisa Ferreira aos jornalistas à margem das Jornadas sobre reestruturação de crédito malparado, num evento organizado pela Ordem dos Economistas.
"Foi lida, foi interpretada e está a ser utilizada nas dimensões que interessam ao Banco de Portugal, que são as dimensões de supervisão", realça a vice-governadora, salientando ainda que o regulador "está de facto a tomar em toda a conta as conclusões do relatório final que lhe foi entregue".
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Também fonte oficial do banco central liderado por Carlos Costa referiu ao Negócios que o "Banco de Portugal tem em atenção toda a informação relevante para efeitos de supervisão prudencial".
De acordo com a auditoria da EY aos 15 anos de gestão da Caixa, divulgado por Joana Amaral Dias na CMTV, e a que o Negócios teve acesso, a CGD cedeu créditos de montantes elevados sem respeitar as regras. Emprestou dinheiro perante pareceres desfavoráveis da Direção de Risco do banco e sem justificar a decisão. E isto aconteceu essencialmente nos anos que tiveram Carlos Santos Ferreira e Fernando Faria de Oliveira à frente da Caixa. Segundo as conclusões preliminares, durante "os primeiros anos do período em análise, a CGD procurou desenvolver estruturas de gestão de risco em linha com as recomendações". Um processo que acabou por evoluir "pouco" nos anos seguintes. "As decisões estratégicas do órgão executivo eram pouco baseadas em elementos de risco", salienta a EY. O crédito malparado foi assim, ano após ano, acumulando-se. E apesar de a auditora reconhecer que este aumento significativo dos empréstimos em incumprimento pode ser justificado pela "conjuntura económica adversa", considera que as "perdas poderiam ter sido significativamente mitigadas caso a instituição tivesse assegurado a implementação de uma cultura de risco na instituição mais cedo". Enquanto não o fez, houve operações de crédito que foram "aprovadas com parecer de análise de risco desfavorável, não se encontrando documentadas as justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da Direção Global de Risco (DGR)", refere a EY. E entre 2007 e 2012 esta situação foi mais evidente. Foi neste período que em 7% das operações de crédito a grandes devedores a decisão foi tomada exclusivamente pelo conselho de administração da CGD. A gestão ignorou o parecer desfavorável da análise de risco sem "justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da DGR". Além de dar crédito contra o parecer desfavorável da análise de risco, houve ainda casos nos quais a CGD avançou com os investimentos apesar de não ter sido apresentado um parecer técnico da Direção de Risco. Entre a administração de Carlos Santos Ferreira e Fernando Faria de Oliveira, isto aconteceu em 21% das operações analisadas. Os empréstimos concedidos à Artlant e à Investifino são exemplo disso mesmo. Os principais créditos em que a CGD perdeu dinheiro:
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Segundo as conclusões preliminares, durante "os primeiros anos do período em análise, a CGD procurou desenvolver estruturas de gestão de risco em linha com as recomendações". Um processo que acabou por evoluir "pouco" nos anos seguintes. "As decisões estratégicas do órgão executivo eram pouco baseadas em elementos de risco", salienta a EY.
O crédito malparado foi assim, ano após ano, acumulando-se. E apesar de a auditora reconhecer que este aumento significativo dos empréstimos em incumprimento pode ser justificado pela "conjuntura económica adversa", considera que as "perdas poderiam ter sido significativamente mitigadas caso a instituição tivesse assegurado a implementação de uma cultura de risco na instituição mais cedo".
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Enquanto não o fez, houve operações de crédito que foram "aprovadas com parecer de análise de risco desfavorável, não se encontrando documentadas as justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da Direção Global de Risco (DGR)", refere a EY. E entre 2007 e 2012 esta situação foi mais evidente. Foi neste período que em 7% das operações de crédito a grandes devedores a decisão foi tomada exclusivamente pelo conselho de administração da CGD. A gestão ignorou o parecer desfavorável da análise de risco sem "justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da DGR".
Além de dar crédito contra o parecer desfavorável da análise de risco, houve ainda casos nos quais a CGD avançou com os investimentos apesar de não ter sido apresentado um parecer técnico da Direção de Risco. Entre a administração de Carlos Santos Ferreira e Fernando Faria de Oliveira, isto aconteceu em 21% das operações analisadas. Os empréstimos concedidos à Artlant e à Investifino são exemplo disso mesmo.
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Os principais créditos em que a CGD perdeu dinheiro:
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