Sem autonomia não há liberdade
Raymond Aron dizia que é preciso respeitar os factos e respeitar os argumentos dos outros. Princípios elementares para uma convivência pacífica e democrática. Também para um realismo de acção política que saiba ser claro e útil. Comemoram-se aniversários enquanto se aprova o deve & haver. Propaganda a mais para pouca clareza.
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estado. Há uma ideia difusa sobre o que é o Estado. Uma ideia genérica, abstracta, de coisa pública, das instituições que zelam pelo território, pela soberania e pelos cidadãos. Uma ideia mais estrita, administrativa e jurídica, que costuma servir para percebermos como se deslaçam envolvimentos e responsabilidades. Quando o Presidente da República se questiona sobre se o Estado deve intervir nos media perante a emergência que atravessam, isto significa que se preocupa com a respiração da democracia portuguesa, independentemente das suas competências. Isto quer dizer que Marcelo Rebelo de Sousa percebe que há um problema de saúde do regime, que a fragilidade do jornalismo é indissociável da liberdade. Marcelo é cauteloso. Sabe que as intervenções, mesmo bem-intencionadas, podem ter efeitos perversos. A autonomia do jornalismo é o bem maior a preservar. Sem ela não há liberdade que resista. O Presidente questionou. A resposta foi o silêncio da grande maioria dos representantes políticos, o desrespeito que cultivam pelo jornalismo, o pouco que fazem pela literacia mediática ou pela defesa da economia dos media, sugados pelos grandes agregadores de informação. Faz falta bom jornalismo.
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