O fim do mês e o fim do mundo
Temas como a energia, a água, a mobilidade, a circularidade, e os ecossistemas merecem muito mais atenção.
- Partilhar artigo
- ...
Há alguns anos um colega francês, Christian Gollier, publicou um livro intitulado "O clima depois do fim do mês", onde salientava que é uma característica humana dar mais atenção aos problemas imediatos, como o pagamento de rendas, as contas da luz e água e as despesas em transportes e alimentação (o fim do mês) do que a problemas com alcance mais longínquo como as alterações climáticas (o fim do mundo, ou pelo menos do mundo como nós o conhecemos). O otimismo daqueles que defendiam a transição ecológica como algo que só traria ganhos, como empregos verdes e uma economia mais robusta e sustentável, não resistiu ao embate com a realidade em França, onde os "coletes amarelos" se bateram até enterrar as políticas de carbono que poderiam ajudar a essa transição. Não obstante os dados climáticos serem cada vez mais claros, com cada ano que passa a trazer novos recordes de temperatura, degelo e outros fenómenos, as pessoas não querem aceitar que seja preciso mudar. As empresas, que são afinal feitas de pessoas, mostram a mesma miopia, fixadas nos resultados de cada trimestre. Já este ano, as demonstrações dos agricultores por toda a Europa voltam a lembrar que o "trade-off" entre os problemas económicos imediatos e uma futura catástrofe ecológica continua bem presente.
Mais lidas