O homem útil e a Europa inútil
Há 25 anos Francis Fukuyama anunciava “o fim da história”, com a inevitável vitória do capitalismo democrático. Mas desde então tudo se fragmentou. Algum capitalismo financeiro desfez o contrato social com a democracia e as lógicas políticas musculadas renasceram.
- Partilhar artigo
- ...
O "Le Monde" chama a Mario Draghi o homem útil da Europa. A sua defesa da flexibilidade no quadro das reformas estruturais que a Europa necessita, para que a austeridade sem fim não aire a zona euro para um ciclo igual ao que se passou no Japão, parece ser a voz que alguns necessitavam para dizer "não" a Angela Merkel. Que continua a negar que a Europa é hoje, reforçada por esta política suicida, uma sociedade em decadência económica, política e cultural, como a Viena de "O Homem sem Qualidades" de Robert Musil. Na sua conferência em Jackson Hole, Draghi reconheceu cruelmente que a Europa foi demasiado longe na austeridade. E que está a pagar um preço por isso. De acordo com a "Der Spiegel" isso motivou um telefonema não muito agradável de Merkel a Draghi. Mas o alerta ficou no ar. A abertura para a mudança de política também. Por isso Draghi poderá ser o homem útil.
Mais lidas