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Jorge Ramos
24 de Janeiro de 2005 às 13:59

2005: um começo pouco auspicioso, mas...

Aposta defensiva - «A prudência recomenda assim exposição a sectores mais defensivos como Healthcare e Farmacêuticas, Telecoms, Financeiras e Energia»

Volvidas cerca de 3 semanas do novendo ano 2005, em termos bolsistas, o seu início revelou-se muito pouco auspicioso, senão vejamos a performance acumulada pelos principais índices: Dow Jones -3,1%; S&P -3,2%; Nasdaq -6% e na Europa o EuroStock50 -0,35%; Dax -1%; Ibex -0,9%.

No meio deste cenário, pontifica pela positiva o nosso PSI20 que já acumula um ganho de 3,5%, sendo um dos poucos mercados positivos no espaço da Zona Euro. Curiosa esta disparidade, sobretudo se considerarmos que a nossa economia apresenta, em termos macroeconómicos, uma das piores performances deste espaço. É caso para dizer que, nem sempre a bolsa é o espelho da economia ou, se formos pela positiva, se calhar o nosso mercado já está a antecipar a tão propagada recuperação que, a julgar por todo este optimismo, deverá estar mesmo ao virar da esquina.

À parte o singular caso nacional, costuma dizer-se que o mês de Janeiro funciona como barómetro do comportamento dos investidores para o resto do ano, havendo até alguma evidência empírica desse facto. Se isso é verdade, 2005 será certamente um ano difícil, mas é preciso algum espírito analítico e uma visão de médio prazo para aquilatar o que nos espera neste novo ano.

Em primeiro lugar, em termos de cenário macro as coisas podem vir a compor-se: prevemos um ligeiro abrandamento económico mundial mas, mesmo assim, o crescimento do PIB mundial deverá situar-se no intervalo 3,5%-3,8%. Serão expectáceis algumas pressões inflacionistas nos EUA (conjugação do dólar fraco com a desaceleração da produtividade), mas que poderão ser positivamente compensadas com um recúo no preço do petróleo para o intervalo 35-40 usd por barril, em consequência do aumento dos inventários e da capacidade de extracção.

Os défices gémeos deverão continuar a influenciar negativamente o USD mas o consenso dos analistas sugere que, grande parte do ajustamento do EUR/USD já terá ocorrido. Em termos micro, o ano de 2005 deverá trazer um abrandamento no crescimento do EPS (earnings per share) mundial: 9% vs 25% registado em 2004 para as empresas do Índice MSCI World.

Estatisticamente, desde 1970, 13 dos 16 anos onde se registou abrandamento do crescimento do EPS, resultaram numa valorização média do mercado de acções de 19%, i.e. este abrandamento é nornmalmente descontado um ano antes.

Por outro lado, a actividade de M&A deverá continuar intensa o que, emconjugação com as políticas de buyback e aumento do payout em termos de dividendos, funcionará como mais um driver positivo para o mercado de acções. O que acreditamos é que, os sectores e empresas que lideraram os ganhos no ano passado, poderão não ser necessariamente os mesmos a apresentar ganhos neste novo cenário, tanto mais que um cenário de abrandamento deverá, em princípio, desaconselhar à exposição a sectores mais cíclicos e de maior beta, nomeadamente Tecnologia.

A prudência recomenda assim exposição a sectores mais defensivos como Healthcare e Farmacêuticas, Telecoms, Financeiras e Energia e, em termos de alocação geográfica, privilegiar o mercado europeu que apresenta, face ao seu congénere norte-americano, um desconto significativo medido pelos múltiplos comparáveis.

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