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Jorge Ramos
21 de Março de 2005 às 13:59

De novo o Petróleo e o Dólar

Já aqui dissémos que o ano de 2005 iria ser um ano bolsista de díficil previsão face às incertezas macroeconómicas, ...

Já aqui dissémos que o ano de 2005 iria ser um ano bolsista de díficil previsão face às incertezas macroeconómicas, o arrefecimento da economia americana, a baixa do ritmo de crescimento dos resultados das empresas, as dúvidas sobre a dimensão do «slowing down» na China e o comportamento das principais variáveis que determinam, em muitos casos, o clima de investimento, a saber: a evolução das taxas de juro, o dólar e o preço do petróleo. Volvido o primeiro trimestre, poucas destas incertezas conheceram uma evolução clara e determinante, ao ponto de se dissiparem as principais interrogações junto dos investidores.

Para já, algumas certezas e a confirmação daquilo que, independentemente destas questões, haviamos vaticinado no final do ano passado: o evidente «decoupling» entre os mercados dos dois lados do Atlântico. Com efeito, as bolsas americanas acumulam perdas (Dow Jones -1,9%; S&P -2,2% e Nasdaq -7,8%) e as bolsas do Velho Continente apresentam performances invariavelmente positivas (Euro Stock50 3,2%; CAC 6,1%; DAX 1,7%; IBEX 2%; FTSE 2,3% e PSI20 +2,7%). E continuamos a acreditar que, em termos de alocação geográfica das carteiras, dever-se-á privilegiar a Europa, pela ausência de risco cambial e, sobretudo pelo desconto que ainda evidencia face ao mercado dos EUA que está no máximo dos últimos 30 anos (19% desconto médio vs 30% desconto actual, via utilização de múltiplos). E esta é a principal razão do «decoupling» entre os dois mercados o qual não deverá esbater-se nos tempos mais próximos.

Na frente das taxas de juro, as últimas semanas confirmam o por todos esperado: Mr. Greenspan continua a sua cruzada para levar as taxas de juro para terreno monetariamente neutro mas os mercados estão «very suspicious» face ao surgimento dos primeiros sinais de inflação, quer no discurso dos Bancos Centrais, quer decorrente da nova alta dos preços do petróleo. Daí que não seja surpresa o recente «sell-off» das obrigações de longo prazo, com as taxas dos 10 anos americanas nos 4,6%, ou seja, no máximo do último ano. Este receio parece ser infundado, sobretudo num ano em que se espera um relativo arrefecimento económico global, mas o mercado parece definitivamente ter retirado o espectro da inflação do armário e até haver mais dados que o tranquilizem, vai estar em estado de alerta.

Na falta de novos dados macro-económicos concludentes e/ou geopolíticos, o mercado vai estar particularmente atento à divulgação dos resultados das empresas, relativos ao 1º trimestre de 2005 e, sobretudo, às suas perspectivas para o resto do ano. E acreditamos que, a julgar por algumas reacções aos primeiros «mid quarter updates», vai ser menos complacente face a eventuais desilusões, em particular no mercado americano, mais perfeccionista e caracterizado por um maior grau de exigência dos investidores.

Finalmente, na frente energética as coisas estão longe da acalmia. Depois de uma queda do preço do petróleo no final do ano passado e início de 2005, a especulação sobre o preço do ouro negro voltou e este já atingiu os 57.7 dólares por barril durante a corrente semana, apesar do previsto aumento da produção já anunciado para Abril que, para já, foi julgada como insuficiente pelo mercado. E desenganemo-nos: com o petróleo em máximos históricos não há investidores «bullish» e dificilmente assistiremos a valorizações significativas das Bolsas nesta conjuntura de incerteza.

Por último, o dólar. Depois de se ter valorizazado cerca de 6% nas primeiras semanas do ano, eis que de novo dá sinais de fraqueza, sobretudo face à intenção esboçada pelas economias do sudeste asiático de diminuirem o peso desta divisa. Para já, duvidamos que tal venha a acontecer de forma expressiva.

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