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Jorge Ramos
14 de Fevereiro de 2005 às 13:59

Perspectivas para 2005

O ano de 2005 começou de forma mista para os mercados financeiros, com as Bolsas americanas a acumularem perdas e as Bolsas do Velho Continente a apresentarem performances invariavelmente positivas.

O ano de 2005 começou de forma mista para os mercados financeiros, com as Bolsas americanas a acumularem perdas (Dow Jones -1,1%; S&P -1,6% e Nasdaq -5,6%) e as Bolsas do Velho Continente a apresentarem performances invariavelmente positivas (Euro Stock50 4,2%; CAC 4,1%; DAX 2,4%; Ibex 4%; FTSE 3,7%; PSI20 6,1%). Isto num cenário de aparente acalmia na frente macroeconómica, marcado pela evolução positiva no USD (valorizou cerca de 6% desde o final do ano passado) e pela flutuação do preço do petróleo num intervalo relativamente apertado (40 - 46 Usd), sugerindo que para já, esta matéria-prima parece ter encontrado um nível sustentado de preço ou, pelo menos, que a atenção dos especuladores parece ter-se virado para outro lado.

Também na passada semana se confirmou o por todos esperado: Mr. Greenspan continua a sua cruzada para levar as taxas de juro para terreno monetariamente neutro e o mercado reagiu com relativa indiferença, até porque os analistas descontam uma subida de pelo menos 1% nos Fed Funds, até ao final do ano. Depois dos receios de uma aceleração do ritmo de subida de taxas no principio do ano, o mercado parece ter acomodado a ideia de que o espectro da inflação ainda vem longe, sobretudo num ano em que se espera um relativo arrefecimento económico global (crescimento do PIB mundial na casa dos 3,5%, contra uns vigorosos 4,7% em 2004), ainda com a liderança dos EUA que entram no seu quinto ano de crescimento consecutivo mas, ainda assim, em clara desaceleração.

Na falta de novos dados macro-económicos e / ou geo-políticos, o mercado tem estado particularmente atento à earnings season, ou seja à divulgação dos resultados das empresas, relativos ao 4º trimestre de 2004 e, sobretudo, ás suas perspectivas para 2005. E apesar de, no cômputo geral os mesmos terem sido bastante positivos, superando as expectativas dos analistas, o que temos visto é o mercado reagir com desilusão, penalizando as empresas. Esta reacção é mais evidente no mercado americano, mais perfeccionista e caracterizado por um maior grau de exigência dos investidores: considerando o universo das empresas do S&P500, 60 acções cairam mais de 10% em Janeiro (o número mais elevado deste Julho do ano passado). O sentimento generalizado entre os analistas e investidores é um pouco o de déjà vu, ou seja, 2004 é história e o que interessa olhar é para 2005 e uma análise fria e objectiva, prova-nos que é matemáticamente impossível às empresas manterem o ritmo de crescimento dos seus resultados evidenciado em 2004.

E isto por várias razões: porque o crescimento da produtividade (4,4% nos EUA em taxa anual nos últimos 13 trimestres) está a diminuir, face ao aumento do nível de emprego e à dimuição esperada do ritmo de investimento em IT. Desde 1995 até 2004 a percentagem do investimento em tecnologias de informação no investimento global das empresas passou de 36% para 58% ou seja a Corporate America praticamente fez a transição de uma plataforma tecnológica para outra, o que não acontece em todas as décadas. A segunda grande razão é porque as empresas esgotaram em grande medida o seu leverage operacional já que o espaço de manobra que têm de corte de custos terá diminuido significativamente. Ou seja a única forma que têm de melhorar as suas margens, deverá ser através do leverage dos preços o que, num cenário de globalização e de ainda baixo pricing power, deverá ser difícil.

Neste cenário, a nossa tese é que o ano de 2005 deverá trazer um forte abrandamento no crescimento do EPS («earnings per share») mundial: o EPS do índice MSCIWorld deverá crescer 9% (vs uns estonteantes 25%).

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