A reforma das reformas
Alguém vai pagar tantas reformas antecipadas que, nalguns casos, roçam o ridículo. Ou seja, há uma bomba-relógio pronta a explodir. Na cara dos portugueses sem defesa, porque ou são velhos ou jovens demais.
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Por estes dias, o ministro Vieira da Silva olha-se ao espelho. Pergunta-se: daqui a uns anos serei demasiado velho para ser ministro, ou demasiado novo para me reformar? Vieira da Silva sofre a síndrome de Dorian Gray, aplicada aos tempos modernos: "Too young to die, to old to rock'n'roll?", como questionavam há muitos anos os Jethro Tull? Como ele sofrem os portugueses que se arrastam pelos centros de empregos porque, depois dos 50 anos, são demasiado velhos ou têm "demasiada experiência" para o nosso mercado de trabalho, e são jovens para se aposentarem. Pelo meio surge um imponderável cruel: o dinheiro é escasso para acudir às crescentes despesas da Segurança Social. Por isso Vieira da Silva responde sem responder, refugiando-se num labirinto de incertezas que deixa na escuridão todos os portugueses. Imagine-se um absurdo: Vieira da Silva ficava sem emprego amanhã. E tinha demasiada experiência para qualquer cargo. Será velho para caixa de um hipermercado. Nada para admirar: há muito que Portugal está a desprezar a faixa de especialistas: porque são caros e são velhos. O amuo do PCP e do BE, neste caso, é folclore. O que está em causa é a palhaçada em que se tornou o acesso à aposentação.
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