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Carlos Moedas: “Problemas atuais exigem respostas moderadas”

Carlos Moedas propôs a moderação como resposta política concreta num tempo de polarização, insegurança social e fragmentação internacional, defendendo que só através de políticas equilibradas, sustentadas por evidência e compromisso democrático, a Europa poderá afirmar a sua voz num mundo em mudança.

26 de Junho de 2025 às 14:00
Carlos Moedas defendeu que a moderação não é fraqueza, mas sim coragem, liderança e ação.
Carlos Moedas defendeu que a moderação não é fraqueza, mas sim coragem, liderança e ação. Sérgio Lemos
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Carlos Moedas defendeu que a moderação não é fraqueza, mas sim coragem, liderança e ação.

“Overdadeiro governo depende do compromisso, o oposto perfeito do tribalismo radical. É por isso que precisamos, mais do que nunca, de respostas moderadas para os maiores problemas que enfrentamos”, afirmou Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, na abertura da conferência The Lisbon Conference: Europe and Transatlantic Relations, que assinalou o primeiro aniversário do canal Now e que decorreu no Hotel Ritz, no passado 16 de junho.

O fio condutor da sua intervenção foi uma reflexão sobre o papel da moderação na política contemporânea para fazer face aos desafios sociais, económicos e geopolíticos que afetam a Europa e o mundo. Evocando Shakespeare, defendeu que nem todas as marés da história são inevitáveis e as escolhas políticas importam. “A história não é inevitável. Pode mudar se agirmos”, sublinhou, reforçando que a política não é tribalismo.

Precisamos de migrantes, e de regras, precisamos de abertura com controlo. Isto não é ser radical. Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

No plano social, Carlos Moedas defendeu políticas de imigração equilibradas que evitem o fechamento absoluto como a abertura irrestrita. “Precisamos de migrantes, e de regras, precisamos de abertura com controlo. Isto não é ser radical”, afirmou. Aludiu aos impactos sociais da imigração desregulada em várias cidades europeias, incluindo Lisboa, onde “as pessoas sentem, e com razão, que as suas comunidades mudam demasiado depressa e sem aviso, sem sequer lhes ser solicitada a sua opinião, não são realmente tidas em conta. É por isso que precisamos de políticas de migração moderadas.”

Comércio aberto e defesa

No plano económico, Carlos Moedas criticou a “onda crescente de políticas protecionistas” e defendeu uma política comercial assente na abertura e na inovação. “Já vimos o custo dos direitos aduaneiros, crescimento mais lento, preços mais elevados, menos oportunidades”. O antigo comissário europeu da Inovação entre 2014 e 2019 sublinhou que uma “abordagem económica moderada acredita no comércio aberto. E, se olharmos para a direita e para a esquerda, para a extrema-direita e para a extrema-esquerda, vemos que só acreditam no protecionismo”.

Carlos Moedas afirmou que a política do poder voltou à geopolítica e “a Europa nunca se preparou para ela”. Criticou a dependência externa da União Europeia, lembrando que “durante anos subcontratámos a energia à Rússia, subcontratámos a nossa prosperidade à China e a nossa defesa à NATO e aos EUA”. Considerou que esta realidade exige uma mudança urgente, com a Europa a recuperar “a sua soberania estratégica”. Defendeu que os moderados devem agir para que a Europa seja “não só um mercado, mas um ator estratégico”, com a inovação e a defesa no centro da estratégia. “A inovação criará postos de trabalho, a defesa será uma forma de mostrarmos o nosso poder e como somos fortes”. E fez um apelo à ação por parte dos moderados, contrariando a ideia de que a moderação é sinónimo de passividade ou fraqueza. “Deixem-me dizer-vos que a moderação não é fraqueza. Temos de mostrar que moderação é coragem, é liderança, é ação.”

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